domingo, julho 14

O pesadelo em versão espanhola


O caso Bárcenas é a versão local, em Espanha, da maldição das arcas da governação. Chamuscando o primeiro ministro até aos cabelos, tem no centro uma personagem de perfídia novelística mas exibe no seu conjunto uma classe e um sistema político que não prestam. A oposição grita, sem crédito: decorre um inquérito ao caso dos ERES na Andaluzia, com 93 arguidos ligados ao PSOE, dos quais 20 são altos quadros. A casa real também tem dado os lindos exemplos que se sabe.

De pouco servirá a Rajoy que uma parte do público assista ao triste desenrolar das notícias pronto a dar-lhe o benefício da dúvida. Mesmo que não venha a ser arguido ou até investigado, a nódoa não sai. Quando a revelações do calibre das deste caso se segue a obstinação em não dar explicações, o mais natural é que ganhe terreno a presunção de culpa. Os SMSs recentemente trocados entre Bárcenas e Rajoy, que o El Mundo hoje publica, não dirão grande coisa, mas carregam um subtexto de palavras não ditas que é mortal para Rajoy. Assim, mesmo que Bárcenas seja um traste, mesmo que tenha urdido um plano para tramar os parceiros contando a verdade com provas falsas, os que dele não se afastaram preventivamente são irremediavelmente contaminados. Os únicos aliados de Rajoy são o tempo, com o qual virá o cansaço do público sobre mais este policial, e a mediocridade dos adversários, enlameados pelos seus próprios delinquentes.

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