quarta-feira, fevereiro 22

Da invisibilidade

Ontem o jornal das 21 da SIC Notícias entrevistou o cineasta Miguel Gomes, agora premiado internacionalmente.

Miguel Gomes reafirmou o que já tinha dito noutros lugares: que é essencial que o cinema português seja subsidiado para que se possa manter esta "liberdade artística" tão característica dos nossos filmes e que tanto é apreciada lá fora. O que torna possível esta liberdade é o facto de se poder fazer filmes independentes do poder político e económico, diz ele. (E sobretudo da bilheteira também, esqueceu-se de acrescentar. Ver mais adiante.)

Explicou melhor na entrevista porque é que não são os impostos dos portugueses que subsidiam o cinema. São as taxas sobre operadores de audiovisual, produtoras de dvd, receitas de bilheteira.

Sublinhou ainda que o cinema português tem gozado de liberdade de criação, sem pressões por parte do poder instituído. Como se consegue essa liberdade dependendo de subsídios? perguntou o jornalista. Gomes explicou tudo cristalinamente, uma vez mais: o cinema português actua como elemento de contra-poder mas não preocupa muito a classe política porque tem pouca visibilidade. (Entenda-se, é visto por pouca gente.) Ah, ok quanto à invisibilidade do cinema português. Quanto á invisibilidade específica do cinema que poderia preocupar a classe política, julgo que a explicação é outra: é que tal cinema simplesmente não existe.

Sem comentários: