Desde que há uma nova legislação para o Ensino Superior, as universidades vivem mergulhadas em tarefas de avaliação esgotantes e insensatas.
Para dar cumprimento ao legislado, cada uma desenhou a sua grelha de avaliação do pessoal docente, assente em parâmetros e fórmulas de complexidade variável, cuja aplicação envolve um esforço e dispêndio de tempo gigantescos. No final os resultados têm reduzida utilidade prática e um potencial efeito nocivo em termos do ambiente de trabalho.
A ilusão de que é possível classificar a qualidade por meio de grelhas muito finas e analíticas é também aplicada na selecção de candidatos aos consursos para as posições de carreira. O que está em curso é a tentativa de redução dos júris a uma manada obediente de metricadores (eu sei que o termo não existe), com a agravante de que a imposição de maioria externa no júri impede qualquer escola de contratar quem melhor se ajusta a determinado objectivo de desenvolvimento. Autonomia universitária? Ora, ora.
Este estado de coisas é possível por duas razões principais. Uma é a existência de instrumentos como o Excel que permitem, apesar de tudo, terminar as contas necessárias a uma avaliação com os avaliadores ainda vivos. Outra é uma daquelas ideias tão subrepticiamente disseminadas que nem damos por ela: é que toda a frenética actividade avaliativa parece grátis. E beneficia de uma comparação muito a gosto dos tempos actuais: também nas empresas privadas se avalia, por isso vamos nós fazer o mesmo. Fica por esclarecer sob que condições uma empresa não sustentada por impostos conseguiria manter-se se decisse ocupar o seu pessoal em tarefas avaliativas de tal envergadura em vez de dedicar-se à produção.
Poderia ser diferente? Sim, poderia. Revendo a sério o Estatuto da Carreira Docente Universitária. O que seria uma maçada para qualquer ministro, dado o previsível choque com lóbis amigos e inimigos.
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