Não há dúvida de que a Itália está metida num sarilho, nem de que tem tido um mau governo. A situação faz perder a paciência a outros governantes europeus e naturalmente exaspera uma grande parte dos italianos. É assim que podemos compreender o desabafo de Massimo Gramellini no seu Buongiorno de 3 de Novembro. Em resumo, o vice-director do La Stampa diz que é tempo de acabar com os palhaços no governo e pôr ao leme os competentes. Mas quando pensa num exemplo de "competente" reconhece imediatamente que ele não poderia ser eleito. E a razão é simples: o homem comum é ignorante, deixa-se seduzir pela promessa fácil, ou simplesmente não está para se ralar.
E vai até às últimas consequências: assumindo que votar é um acto que requer tanta perícia como pilotar um avião, propõe a criação de um brevet do eleitor. No mundo arrumadinho e platónico que o delírio de Gramellini lhe oferece em sonhos despertos, só vota quem foi previamente aprovado num curso de cidadania.
Massimo está, evidentemente, a fazer uma provocação para a qual existe agora eco e receptividade. Mas para além da embrulhada que seria definir o programa de formação do eleitor e as comissões de avaliação, há um problema a montante que a croniqueta dissimula. É que a divisão entre burros e iluminados é demasiado simplista para que se possa aplicar à discussão. A criação da casta dos eleitores não resolve nada se não se souber o que fazer com os inteligentes corruptos.
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