sexta-feira, abril 22

O Holocausto Espanhol


Esta madrugada, por causa do mau tempo, Sevilha não pode exibir os excessos a que costuma entregar-se na véspera de sexta-feira santa. Laranja é o cheiro das ruas de Sevilha, é certo, mas no tempo de páscoa sobrepõem-se-lhe exóticos incensos. Nas lojas sevilhanas de electrónica as montras estão atafulhadas com televisores onde se repete a saída de uma nossa senhora ao som de fanfarras.

Extravagâncias bonitas. Nada como os horrores que se viveram em 1936-39, a que o historiador Paul Preston dedicou dez anos de estudo. O livro sai em breve e já tem nome: O Holocausto Espanhol. Não parece exagero: 50 mil mortos pelos republicanos e mais de 150 mil pelos insurgentes, cada lado exercendo a violência de acordo com padrões próprios e até geograficamente distintos. Violência premeditada e sistemática dos franquistas, com técnicas tenebrosas como o "carro da caveira" e o surgimento de verdadeiros monstros humanos. Abordando tanto o terror revolucionário como a repressão golpista, Preston não poupa Carrillo às responsabilidades por Paracuellos. Campo de experiências de anarquistas, fascistas, comunistas e nazis, da intervenção de Hitler e Mussolini, com referência distante a Estaline e lugar para uma simpatia discreta de Salazar, na guerra acabou por germinar o ovo tenebroso do extermínio preconcebido. Eliminar sin escrúpulos ni vacilación a todos los que no piensen como nosotros, disse o General Mola.

1 comentário:

Jorge Salema disse...

A intolerancia bem documentada! Vou ler esse colega!