terça-feira, março 23

Tudo está bem se acabar bem

Em matéria de permissividade no cinema, a Malásia já chegou aos anos 30. Do século XX, é bom que se entenda. De facto, agora são permitidas nos filmes personagens gays, sob a condição de que no final se arrependam e se transformem em virtuosos heteros. Embora beijos e apalpadelas continuem rigorosamente proibidos para todos os sexos, isto representa um passo gigantesco em termos de abrandamento da censura islâmica: a medida não impõe, por exemplo, que as personagens homo acabem sepultadas sob um muro, nem sequer que pelo meio tenham que pagar multas e ser chicoteadas. O que é essencial é que o filme plasme a vitória do bem sobre o mal . Por exemplo, o cinema passa a poder mostrar também corridas ilegais desde que os prevaricadores sejam apanhados ou morram no fim.

Parece apesar de tudo que os autores de scripts para filmes ficam limitados a um modelo rígido. Se num filme um acelera ilegal se tornar gay antes de crashar, a censura deixará passar?

Por outro lado a ideia tem potencialidades para ser adaptada ao cinema ocidental contemporâneo. Por exemplo, talvez possamos voltar a ver num filme de Hollywood gajas e gajos que puxam descomplexadamente pelo seu cigarro e dão umas baforadas fotogénicas, desde que no final acabem todos encharcados em Champix. E, nas séries juvenis das tvis, miúdas e miúdos gordos e feios (se é que ainda há - pelo menos na televisão não passam), com a condição de no epílogo serem salvos por uma equipa de nutricionistas e cirurgiões de estética.

1 comentário:

Jorge Salema disse...

LOl. Muito engraçado senhor Lino