Um tribunal de Lille dissolveu o casamento de um casal muçulmano a pedido do marido. Queixou-se ele de ter sido enganado ao descobrir que a mulher não era virgem. Um imam de Lille apressou-se a dizer que nada disto tem a ver com a religião: o Corão não exige a virgindade no casamento. O que o tribunal aplicou, afinal, foi uma lei francesa do século 19, que prevê a "mentira sobre qualidades essenciais" como causa suficiente para invalidar um casamento.
Diversas vozes de indivíduos e associações se fizeram ouvir, escandalizadas. A ministra Rachida Dati é mais moderada e observa que a decisão do tribunal acabou, afinal, por poupar a mulher ao calvário de um casamento condenado.
O mais provável é que Rachida Dati tenha razão. Ao mesmo tempo é curioso como na França laica uma lei saída do tempo da revolução acaba por ser aplicada - possivelmente de modo formalmente correcto - num julgamento envolvendo muçulmanos. Quantas vezes terá a lei sido utilizada, recentemente, a casais europeus?
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