domingo, janeiro 6

Paradoxos

Os laicistas abrigados em governos socialistas e suas organizações apoiantes transformaram uma sensibilidade comum a várias camadas da sociedade numa atitude sectária e burocrática ao serviço das suas utopias no âmbito da engenharia social. Em Portugal o facto não se nota muito, mas nos países europeus com grande imigração islâmica eles têm o rabo de fora: não são na verdade pregadores da laicidade, mas sim pregadores anti-católicos ou anti-cristãos. Na verdade, não só evitam criticar as práticas retrógradas do Islão como surgem frequentemente associados a iniciativas de "diálogo" com os que pretendem destruir o nosso modo de vida à custa de sucessivas cedências.

Curiosa e paradoxalmente, talvez o substracto moral da cultura ocidental, com as suas raízes cristãs, nunca tenha estado tão viva como no caldo de cultura socialista, tal como ele chega ao homem comum. Amamos, compreendemos e perdoamos o outro, mesmo que ele nos queira aniquilar. Se nos agridem, cedemos a outra face. Detestamos os ricos, esses malvados a quem está vedado o reino dos céus, e em nome da bem-aventurança dos pobres e oprimidos continuamos a venerar utopias que trazem consigo ainda mais opressão. Mesmo para a piedade ecológica pós-moderna encontramos como referente o santo de Assis que agora não poderá dar o nome a escola alguma.

Os nossos antepassados medievais, esses brutos pouco respeitadores das culturas diferentes, eram certamente menos cristãos. Sem a beligerância dos cruzados e de alguns monarcas europeus, a Europa poderia ser actualmente um mundo de mesquitas em vez de catedrais, um mundo de submissão e de mulheres com o rosto tapado .

Infelizmente, há sinais de que podemos resvalar silenciosamente em direcção a esse mundo escuro e triste. Entretidos a autoflagelar-nos pelos nossos pecados e a oferecê-los de bandeja como justificativo de agressões consumadas ou em preparação, os sinais vão passando quase despercebidos. Em 2004, a Espanha votou de modo não condicionado? Não sei. Que em 2008 alguém enterrou para sempre um certo rali, é certo. O caso em si parece de impacto limitado, mas fica bem claro que o método funciona. Habituados a contemplar a realidade como paisagem estável, não valorizamos as pequenas mudanças. Fala-se de "vitória do terrorismo" a respeito do Dakar sem convicção de que se trata de um passo minúsculo até à verdadeira vitória: a nossa aniquilação. Vamos esperar cristãmente, sentados, pela coacção que se segue.

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