domingo, abril 15

O espírito de Abril

Em artigo no PÚBLICO de hoje, Elísio Estanque (do Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra) lamenta o individualismo, a dependência das hierarquias, o discurso tecnocrático, a aversão ao sindicalismo que caracterizam actualmente as relações laborais. Como fonte do descalabro, aponta forças difusas a que chama "vozes do dono" e identifica com "detentores do poder" infiltrados no mundo empresarial. Como hipotética salvação, refere essa entidade metafísica chamada "espírito de Abril" ao qual, parece, estão associadas "promessas" esquecidas. E depois? Depois, o artigo resume-se a isto.

Julgava que a Sociologia dava chaves para compreender o mundo mesmo quando ele não está de acordo com os desejos do observador.

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Lino,
Parece-me que nao interpretou bem o meu texto. O que eu lamento é sobretudo a falta de critérios, a falta de transparência, a falta de democracia. Por este caminho nao vamos longe!!! Nem mesmo os que advogam a "solução liberal" conseguem ser minimamente coerentes com os seus principios. Porque os arranjinhos, os compadrios e as dependencias pessoais caminham em geral lado a lado com a mediocridade. Ha um enorme défice de cultura democrática nas nossas instituições e dai deriva em boa medida o defice de eficácia e de competitividade do país. Só para terminar: quem me conhece sabe bem que o meu discurso não é saudosista em relação ao 25 de Abril. Mas essa referência deve continuar a ser importante se queremos realmente um pais democrático evoluido e nao apenas satisfazer a elite tecnocrática. As chaves?? O que nao faltam são diagnósticos e análises. É só procurá-los.
Cumprimentos

lino disse...

Caro E.E.: O meu uso do termo "chaves"pode não ser o mais apropriado, mas mantenho que no seu artigo leio muito mais o lamento de o mundo não se adequar a determinado modelo idílico do que uma tentativa de análise de factos. Creio que esta observação tem sentido porque subscreveu o artigo enquanto membro do CES.