segunda-feira, outubro 30
quarta-feira, outubro 25
Curiosidades
Numa notícia de há poucos dias, o Daily Mail contava o caso de uma professora de quarenta anos e com filhos adolescentes, que se envolveu sentimentalmente com um aluno de 14 anos, amigo de um dos filhos. A professora foi julgada e condenada com uma sentença de prisão e pena suspensa. Tanto quanto se sabe, não houve relações sexuais entre professora e aluno. Mesmo assim, a notícia era abundante em referências detalhadas ao modo como os amantes se relacionavam.
Nos Estados Unidos, os jornais, televisões e blogs têm falado muito do caso do congressista republicano Mark Foley. Recentemente, foram tornadas públicas conversas registadas num instant messenger entre Foley e estagiários de 18 anos ou talvez menos, com conteúdo sexual explícito. Fica claro que houve, no mínimo, tentativa de abordagem sexual por parte do congressista em relação aos jovens. Prestando-se a fácil exploração política em época de eleições, muitos órgãos de informação têm-se empenhado na divulgação das tais conversas, cujas passagens escabrosas as tornaria apropriadas a diálogos de filme porno se os filmes porno tivessem diálogos. Em vez de ficção porno, que poderia ser mal vista, serve-se aos leitores pornografia sob o pretexto de notícia.
Os media, interpretando o sentir do bom cidadão, cerram fileiras contra tudo o que cheire a pedofilia, mas estão-se nas tintas para a privacidade dos menores eventualmente envolvidos nos casos e para os possíveis efeitos de sedução (tanto em adultos como em adolescentes) dos episódios relatados. Se o pormenor chocante vende, então publica-se.
Nestes dois casos as acusações incidem apenas sobre relações virtuais. Nem por isso os relatos detalhados deixam de poder ter um efeito potencialmente perverso.
Nos Estados Unidos os escândalos sexuais são publicitados e explorados em maior escala que na Europa. No caso de envolvimento de menores, o facto de a idade de consentimento ser mais baixa na Europa pode ter a ver com essa diferença. Mas a atitude europeia também tem os seus pontos curiosos. Como bem recordou John Rosenthal, o que é politicamente correcto em certas esferas de pensamento, a que a universidade confere respeitabilidade, é uma defesa dupla dos menores: defesa do assédio não desejado e defesa do direito a relações desejadas (sim, mesmo com adultos). Disso é exemplo a tese de H. Graupner, aprovada por um júri de que fez parte o Prof. Manfred Nowak, que por acaso, ou talvez não, é também militante da causa dos presos de Guantanamo.
Nos Estados Unidos, os jornais, televisões e blogs têm falado muito do caso do congressista republicano Mark Foley. Recentemente, foram tornadas públicas conversas registadas num instant messenger entre Foley e estagiários de 18 anos ou talvez menos, com conteúdo sexual explícito. Fica claro que houve, no mínimo, tentativa de abordagem sexual por parte do congressista em relação aos jovens. Prestando-se a fácil exploração política em época de eleições, muitos órgãos de informação têm-se empenhado na divulgação das tais conversas, cujas passagens escabrosas as tornaria apropriadas a diálogos de filme porno se os filmes porno tivessem diálogos. Em vez de ficção porno, que poderia ser mal vista, serve-se aos leitores pornografia sob o pretexto de notícia.
Os media, interpretando o sentir do bom cidadão, cerram fileiras contra tudo o que cheire a pedofilia, mas estão-se nas tintas para a privacidade dos menores eventualmente envolvidos nos casos e para os possíveis efeitos de sedução (tanto em adultos como em adolescentes) dos episódios relatados. Se o pormenor chocante vende, então publica-se.
Nestes dois casos as acusações incidem apenas sobre relações virtuais. Nem por isso os relatos detalhados deixam de poder ter um efeito potencialmente perverso.
Nos Estados Unidos os escândalos sexuais são publicitados e explorados em maior escala que na Europa. No caso de envolvimento de menores, o facto de a idade de consentimento ser mais baixa na Europa pode ter a ver com essa diferença. Mas a atitude europeia também tem os seus pontos curiosos. Como bem recordou John Rosenthal, o que é politicamente correcto em certas esferas de pensamento, a que a universidade confere respeitabilidade, é uma defesa dupla dos menores: defesa do assédio não desejado e defesa do direito a relações desejadas (sim, mesmo com adultos). Disso é exemplo a tese de H. Graupner, aprovada por um júri de que fez parte o Prof. Manfred Nowak, que por acaso, ou talvez não, é também militante da causa dos presos de Guantanamo.
terça-feira, outubro 24
segunda-feira, outubro 23
As palavras perigosas
Daniela Santachè, deputada italiana, afirmou na sexta feira num debate de tv com o imã milanês Ali Abu Shwaima que o véu não é um símbolo religioso, mas sim um sinal de submissão das mulheres. O iman respondeu violentamente declarando-a infiel, ignorante e semeadora de ódio. As ameaças produzidas em directo podem ser consideradas uma fatwa implícita.
Santachè vai estar sob escolta policial mas não se intimidou. Convencida de que é necessário falar das coisas como elas são, sem rodeios, voltou a reafirmar publicamente a sua convicção e comparou o véu à estrela amarela para os judeus. Apesar de alguma solidariedade que lhe foi manifestada, inquieta-a o silêncio das feministas. "Não se trata de medir centímetros de véu nem de apreciar, como já foi feito, se fica bem às mulheres ou não. É um símbolo que devemos rejeitar, estamos em Itália e não há lugar aqui para califados."
Santachè vai estar sob escolta policial mas não se intimidou. Convencida de que é necessário falar das coisas como elas são, sem rodeios, voltou a reafirmar publicamente a sua convicção e comparou o véu à estrela amarela para os judeus. Apesar de alguma solidariedade que lhe foi manifestada, inquieta-a o silêncio das feministas. "Não se trata de medir centímetros de véu nem de apreciar, como já foi feito, se fica bem às mulheres ou não. É um símbolo que devemos rejeitar, estamos em Itália e não há lugar aqui para califados."
sexta-feira, outubro 20
segunda-feira, outubro 16
A FALAR complicamos tudo
O apodrecimento da Nomenclatura
...a Nomenclatura Gramatical Portuguesa foi, progressivamente, acusando a inexorável usura do tempo, tendo deixado, há muito, de constituir referência para a solução de problemas que têm vindo a ser identificados no campo do ensino da língua portuguesa, nomeadamente no que se refere à constituição de uma terminologia especializada, apta a instituir e a descrever os factos linguísticos, permitindo a criação de instrumentos de trabalho reconhecíveis por professores e alunos, delimitando o conhecimento pedagogicamente válido na área da linguística e clarificando as bases da relação entre os saberes escolares e os saberes científicos.
A aurora da Terminologia
Daí que, em 1997, tenha tido início, no âmbito do projecto FALAR (Formação de Acompanhantes Locais: Aprendizagem em Rede), da responsabilidade do Departamento do Ensino Secundário, tendo por objectivo a formação de professores de Português, ao nível nacional, um conjunto de acções, amplamente participadas (foram envolvidos cerca de 15000 professores dos ensinos básico e secundário), com vista à identificação de necessidades e lacunas. Em resultado da discussão pública gerada em torno dos documentos consequentes àquelas acções, foi constituído um grupo de trabalho integrado por representantes dos Departamentos do Ensino Secundário e da Educação Básica e da Associação de Professores de Português, por professores do ensino secundário, em exercício de funções lectivas, e por especialistas do ensino superior, que, levando em conta toda a documentação até então produzida e atingido o consenso entre as partes envolvidas, elaborou uma proposta de Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário. Este documento de trabalho foi entregue a equipas de investigadores universitários para definição e explicitação dos termos, segundo os domínios de especialidade definidos na Terminologia Linguística...
Esta embaladora redacção é o preâmbulo da Portaria n.º 1488/2004, onde logo a seguir se enumeram centenas e centenas de designações de tudo o que o Ministério da Educação comprou aos linguistas para facilitar a vida aos professores e alunos em matéria de Português.
Publicada no Diário da República e remetida para utilização por professores em pânico com o-a ensino-aprendizagem das categorias gramaticais às crianças, esta fabulosa peça liguística perdeu o seu impacto humorístico. Recentemente alvo de críticas, a TLEBS arrisca-se a passar pelo que não é: a lista não interessa para nada, até porque as perguntas de gramática nos exames pouco mais são do que pequenas charadas, sendo mais importante levar uma ou duas ideias bem assentes sobre a fome no mundo e talvez as alterações climáticas. O melhor da TLEBS é o preâmbulo da portaria, onde se descreve de modo exemplar como o ministério da educação aborda os problemas de conteúdos. A um diagnóstico inverosímil segue-se uma medida que transborda fantasia. Pelo meio, um ou outro lóbi colhe uns amendoins com acções de "formação" e ganhos de influência. Dessa vez foram linguistas e a tenebrosa Associação de Profs de Português os contemplados, mas com a sua participação acabaram por exibir, além da barroca erudição académica dos primeiros, uma tremenda falta de senso de todos. "Ciência" de ponta para o ensino básico! Estampada no jornal oficial! Se o mesmo for feito para outras disciplinas, o Diário da República vai competir com as melhores revistas científicas do planeta. Instalar-se-á um sistema de rigoroso controlo de qualidade e os nossos deputados correrão o risco de ver recusada a publicação de muitos dos seus projectos.
...a Nomenclatura Gramatical Portuguesa foi, progressivamente, acusando a inexorável usura do tempo, tendo deixado, há muito, de constituir referência para a solução de problemas que têm vindo a ser identificados no campo do ensino da língua portuguesa, nomeadamente no que se refere à constituição de uma terminologia especializada, apta a instituir e a descrever os factos linguísticos, permitindo a criação de instrumentos de trabalho reconhecíveis por professores e alunos, delimitando o conhecimento pedagogicamente válido na área da linguística e clarificando as bases da relação entre os saberes escolares e os saberes científicos.
A aurora da Terminologia
Daí que, em 1997, tenha tido início, no âmbito do projecto FALAR (Formação de Acompanhantes Locais: Aprendizagem em Rede), da responsabilidade do Departamento do Ensino Secundário, tendo por objectivo a formação de professores de Português, ao nível nacional, um conjunto de acções, amplamente participadas (foram envolvidos cerca de 15000 professores dos ensinos básico e secundário), com vista à identificação de necessidades e lacunas. Em resultado da discussão pública gerada em torno dos documentos consequentes àquelas acções, foi constituído um grupo de trabalho integrado por representantes dos Departamentos do Ensino Secundário e da Educação Básica e da Associação de Professores de Português, por professores do ensino secundário, em exercício de funções lectivas, e por especialistas do ensino superior, que, levando em conta toda a documentação até então produzida e atingido o consenso entre as partes envolvidas, elaborou uma proposta de Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário. Este documento de trabalho foi entregue a equipas de investigadores universitários para definição e explicitação dos termos, segundo os domínios de especialidade definidos na Terminologia Linguística...
Esta embaladora redacção é o preâmbulo da Portaria n.º 1488/2004, onde logo a seguir se enumeram centenas e centenas de designações de tudo o que o Ministério da Educação comprou aos linguistas para facilitar a vida aos professores e alunos em matéria de Português.
Publicada no Diário da República e remetida para utilização por professores em pânico com o-a ensino-aprendizagem das categorias gramaticais às crianças, esta fabulosa peça liguística perdeu o seu impacto humorístico. Recentemente alvo de críticas, a TLEBS arrisca-se a passar pelo que não é: a lista não interessa para nada, até porque as perguntas de gramática nos exames pouco mais são do que pequenas charadas, sendo mais importante levar uma ou duas ideias bem assentes sobre a fome no mundo e talvez as alterações climáticas. O melhor da TLEBS é o preâmbulo da portaria, onde se descreve de modo exemplar como o ministério da educação aborda os problemas de conteúdos. A um diagnóstico inverosímil segue-se uma medida que transborda fantasia. Pelo meio, um ou outro lóbi colhe uns amendoins com acções de "formação" e ganhos de influência. Dessa vez foram linguistas e a tenebrosa Associação de Profs de Português os contemplados, mas com a sua participação acabaram por exibir, além da barroca erudição académica dos primeiros, uma tremenda falta de senso de todos. "Ciência" de ponta para o ensino básico! Estampada no jornal oficial! Se o mesmo for feito para outras disciplinas, o Diário da República vai competir com as melhores revistas científicas do planeta. Instalar-se-á um sistema de rigoroso controlo de qualidade e os nossos deputados correrão o risco de ver recusada a publicação de muitos dos seus projectos.
A estética ausente
O bispo D. António Marto lamentou, há poucos dias, que a estética esteja ausente em Fátima. Queria referir-se ao caos urbanístico e ao mostruário de bugigangas de inspiração religiosa que inundam as montras e as esquinas. Mas como podia ser de outra maneira? O kitsch que D. Marto execra começa na própria história das aparições, a ponto de a Igreja ser relutante a recomendar aos fiéis que a levem muito a sério. Se a história de Cristo já aparece aos nossos olhos de hoje como uma fábula que só a distância temporal permite normalizar, ela tem apesar de tudo um apelo poético e humano que lhe dá força: um deus feito igual a nós para sofrer como nós e nos “salvar” (não vale a pena perguntar de quê, pois matéria para lágrimas é o que menos falta neste mundo). Ao contrário da mensagem que se atribui ao filho, universal, positiva e radicalmente inovadora, a da Senhora está contaminada pela circunstância que lhe retira grandeza: meter-se na política da época e ao mesmo tempo mostrar um inferno prestes a ser desacreditado é um programa para esquecer. Mais vale acreditar que havia mesmo algum segredo que valesse a pena. Não fabrica evangelhos quem quer.
Não sei se D. Marto reparou, mas a violação da estética não está só em Fátima. Basta entrar na maioria das igrejas em hora de missa para o comprovar. A qualidade das homilias e da música que se ouve nos templos (com ou sem violas) é de estarrecer. Estou a falar do meu ponto de vista, claro, que admito que tenha alguma coincidência com o do bispo. Mas que outra coisa seria possível? Se o culto é para as “massas”, há que nos conformarmos ao gosto delas, que coincidirá já com o gosto da maioria dos padres, os quais vêm das “massas”. Naturalmente, as elites preferem Leonardo, Giotto ou Lucas Cranach às santinhas com corações trespassados em molduras de pechisbeque, e as paixões de Bach aos tristes e feios cânticos que não chegam ao céu, mas o problema é delas. Se a Igreja se revela incapaz de promover símbolos de qualidade (que possivelmente estariam de acordo com uma devoção de qualidade) o problema é dela.
Não sei se D. Marto reparou, mas a violação da estética não está só em Fátima. Basta entrar na maioria das igrejas em hora de missa para o comprovar. A qualidade das homilias e da música que se ouve nos templos (com ou sem violas) é de estarrecer. Estou a falar do meu ponto de vista, claro, que admito que tenha alguma coincidência com o do bispo. Mas que outra coisa seria possível? Se o culto é para as “massas”, há que nos conformarmos ao gosto delas, que coincidirá já com o gosto da maioria dos padres, os quais vêm das “massas”. Naturalmente, as elites preferem Leonardo, Giotto ou Lucas Cranach às santinhas com corações trespassados em molduras de pechisbeque, e as paixões de Bach aos tristes e feios cânticos que não chegam ao céu, mas o problema é delas. Se a Igreja se revela incapaz de promover símbolos de qualidade (que possivelmente estariam de acordo com uma devoção de qualidade) o problema é dela.
sexta-feira, outubro 13
A Ciência é política
Está visto que hoje é dia de caricaturas. Mais informação a acompanhar o cartoon em Cox and Forkum.
(Nota: o título do post é uma citação de Richard Horton, editor da Lancet.)
Há uma discussão do artigo da Lancet aqui.
O cavalo de Teerão
O curioso caso de "Hugh Bradley", participante no concurso de caricaturas sobre o Holocausto promovido pelas autoridades iranianas. A história está contada aqui.
(Curiosidade: Portugal tem uma participação aceite.)
quarta-feira, outubro 11
"Há sempre um CD lá por casa"
Notícia hilariante, no PÚBLICO de hoje, que nos ajuda finalmente a compreender o significado da expressão enriquecimento curricular.
terça-feira, outubro 10
A parte é maior que o todo
O estatuto de vítima tornou-se tão atraente que no Reino Unido parece que a percentagem de vítimas na população já atinge os 73% (o que deixa muito pouco espaço livre para os opressores). Segundo o criminologista David Green a situação real é ainda pior: o número de vítimas excederá já o total da população, porque quando se é, é-se vítima de uma categoria específica de ódio (presumo que um árabe negro gay pode contar por três). No fim parece haver relativamente poucos agressores, a não ser que muitas vítimas de uma categoria sejam agressores noutra. De qualquer modo há aqui qualquer coisa que não funciona bem: o excesso de vítimas deveria causar a desvalorização da sua condição. Parece que os legisladores não previram este efeito perverso que contraria as suas boas intenções. Está-se mesmo a ver que, se os da mesma escola se põem a legislar em matéria fiscal, a taxa de IRS mínima vai acabar por ultrapassar a máxima.
Não ofender uns e ignorar outros
Ao mesmo tempo que há grande preocupação em não ofender os extremistas violentos, há tendência para ignorar os que se batem por liberdade, afrontando fanatismos em condições duríssimas. Não deveriam os meios de comunicação ocidentais dar mais atenção ao que se passou no passado sábado em Teerão?
(Via Gateway Pundit)
segunda-feira, outubro 9
Curiosidades
Uma reportagem emitida ontem pela SIC dava conta da diversidade de métodos em uso para ensinar as crianças a ler e a escrever. Ficámos a saber que, para além dos métodos mais ou menos tradicionais, estão no terreno as estratégias do Movimento Escola Moderna (MEM), já há algumas dezenas de anos. Os professores do MEM entrevistados fizeram, naturalmente, a apologia do seu ensino inovador. Os outros defenderam-se como puderam, alegando que não se sentiam preparados para experimentar uma actuação diferente e possivelmente pôr em risco o sucesso das turmas. Mas, aparentemente, não se sabe, e a reportagem não inquiriu, se afinal há diferenças entre os resultados da aprendizagem tradicional e os da inovadora. Talvez exigisse um trabalho de campo moroso e a requerer muito cuidado, mas valeria a pena. Curiosamente esse é o tipo de investigação que os profissionais das ciências de educação nunca fazem. Escrevem muitos artigos em que defendem os seus métodos na base de desejos e boas intenções, quando seria mais útil que nos mostrassem as diferenças a partir dos efeitos reais.
Fico curioso de saber se há diferenças sensíveis entre os que aprenderam a ler e a escrever à antiga ou à moderna: alguns têm maior dificuldade na leitura e compreensão de textos que outros? todos confundem à com há? Todos escrevem perguntas-te em vez de perguntaste? A SIC podia ter perguntado.
Aprendi também que o i é considerada por alguns professores a letra mais fácil, por isso é a primeira que ensinam. Mas não percebi porquê.
Fico curioso de saber se há diferenças sensíveis entre os que aprenderam a ler e a escrever à antiga ou à moderna: alguns têm maior dificuldade na leitura e compreensão de textos que outros? todos confundem à com há? Todos escrevem perguntas-te em vez de perguntaste? A SIC podia ter perguntado.
Aprendi também que o i é considerada por alguns professores a letra mais fácil, por isso é a primeira que ensinam. Mas não percebi porquê.
quarta-feira, outubro 4
Libertar é reprimir
Lésbica, mulher e palestiniana: é a tripla identidade que a si própria se atribui a senhora Rauda Moros. Um artigo do Guardian de há dois dias fala dela, da luta dos homossexuais palestinianos contra a perseguição e dos pequenos progressos que vão conseguindo. Os ingénuos leitores devem estar já a pensar que o grande problema enfrentado pela causa gay na Palestina é a rigidez do código moral islâmico, não? Ora, que bom que era se fosse só isso. Preparem-se: as maiores dificuldades vêm de Israel, pois claro! O facto de haver tolerância para com os homossexuais em Israel torna-os por sua vez mal vistos na Palestina.
Associar Israel com direitos dos homossexuais torna a vida difícil aos árabes gay. Israel e homossexuais constituem o duplo inimigo ideal para o islamismo conservador. Não por acaso, no jornal egípcio Sabah al-Kheir apareceu o título: "Golda Meir é lésbica."
O artigo continua dizendo que a história dos direitos dos homossexuais em Israel também tem muito que se lhe diga. No fundo, trata-se de uma estratégia israelita para se tornarem bem vistos ao mesmo tempo que a sociedade israelita se debate com outro tipo de desigualdades, não se está mesmo a ver?
Assim, os activistas palestinianos têm de convencer os compatriotas de que os gays israelitas são cidadãos decentes que apenas por acaso sentem atracção pelo mesmo sexo, o que em contexto de guerra e ocupação é um bico de obra.
Para um gay, fugir para Israel é traição, e ficar no território palestiniano é ficar sob suspeita, ser visto como colaborador.
Ler para crer.
Israel tem, pois, mais um desafio pela frente: por uma boa causa, deve abolir a descriminalização e outras modernices e começar de imediato a perseguir os homossexuais.
Associar Israel com direitos dos homossexuais torna a vida difícil aos árabes gay. Israel e homossexuais constituem o duplo inimigo ideal para o islamismo conservador. Não por acaso, no jornal egípcio Sabah al-Kheir apareceu o título: "Golda Meir é lésbica."
O artigo continua dizendo que a história dos direitos dos homossexuais em Israel também tem muito que se lhe diga. No fundo, trata-se de uma estratégia israelita para se tornarem bem vistos ao mesmo tempo que a sociedade israelita se debate com outro tipo de desigualdades, não se está mesmo a ver?
Assim, os activistas palestinianos têm de convencer os compatriotas de que os gays israelitas são cidadãos decentes que apenas por acaso sentem atracção pelo mesmo sexo, o que em contexto de guerra e ocupação é um bico de obra.
Para um gay, fugir para Israel é traição, e ficar no território palestiniano é ficar sob suspeita, ser visto como colaborador.
Ler para crer.
Israel tem, pois, mais um desafio pela frente: por uma boa causa, deve abolir a descriminalização e outras modernices e começar de imediato a perseguir os homossexuais.
terça-feira, outubro 3
Teorizando
Os dirigentes da Igreja de Inglaterra têm uma explicação pós-moderna para a violência doméstica: o carácter masculino de Deus.
Este argumento tem um alcance teórico que pareceu escapar aos seus descobridores. O carácter masculino de Deus explica também porque é que, no acesso à carreira de padre, bispo ou arcebispo, a posse de um pénis parece ter prioridade sobre a capacidade de analisar a realidade e reflectir sobre ela.
Este argumento tem um alcance teórico que pareceu escapar aos seus descobridores. O carácter masculino de Deus explica também porque é que, no acesso à carreira de padre, bispo ou arcebispo, a posse de um pénis parece ter prioridade sobre a capacidade de analisar a realidade e reflectir sobre ela.
segunda-feira, outubro 2
Concorrência
A BBC emitiu ontem um documentário com revelações comprometedoras para a Igreja Católica e onde também Ratzinger é visado . O caso tem a ver com a alegada cobertura a padres indiciados de abuso sexual de crianças.
Nos arquivos do Panorama registam-se três trabalhos, desde 2000, sobre os escândalos de pedofilia no seio da Igreja Católica. Ainda bem que tudo se vem a saber. Bem, nem tudo. O abuso de crianças não é um exclusivo da Igreja e não faltam pontas por onde pegar no assunto. Mas não seria justo que a BBC açambarcasse tudo: com certeza a Al Jazeera está atenta e fará a parte que lhe toca. Vai ser já a seguir.
Nos arquivos do Panorama registam-se três trabalhos, desde 2000, sobre os escândalos de pedofilia no seio da Igreja Católica. Ainda bem que tudo se vem a saber. Bem, nem tudo. O abuso de crianças não é um exclusivo da Igreja e não faltam pontas por onde pegar no assunto. Mas não seria justo que a BBC açambarcasse tudo: com certeza a Al Jazeera está atenta e fará a parte que lhe toca. Vai ser já a seguir.
domingo, outubro 1
Decassílabos perigosos
A isto mais se ajunta que um devoto
Sacerdote da lei de Mafamede,
Dos ódios concebidos não remoto
Contra a divina fé, que tudo excede,
Em forma do Profeta falso e noto
Que do filho da escrava Agar procede,
Baco odioso em sonhos lhe aparece,
Que de seus ódios inda se não dece.
Se a tendência para a auto-censura for para continuar, vai haver muito para desbastar nos Lusíadas. A versão corrigida vai ficar tão magra que poderá até voltar a ser leitura recomendada no ensino básico.
Sacerdote da lei de Mafamede,
Dos ódios concebidos não remoto
Contra a divina fé, que tudo excede,
Em forma do Profeta falso e noto
Que do filho da escrava Agar procede,
Baco odioso em sonhos lhe aparece,
Que de seus ódios inda se não dece.
Se a tendência para a auto-censura for para continuar, vai haver muito para desbastar nos Lusíadas. A versão corrigida vai ficar tão magra que poderá até voltar a ser leitura recomendada no ensino básico.
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