Os pré-candidatos já falam todos os dias. Falam em circuito fechado, limitando-se por vezes cada um a desdizer o adversário. Por vezes até falam de temas importantes. Tecem algumas controvérsias onde a artificialidade fica à mostra e em que são difíceis de discernir as linhas de clivagem.
Para lá dos aspectos anedóticos que recentemente nos têm sido oferecidos (a comédia dos cartazes), adivinha-se uma campanha enfadonha e difícil de suportar.
O que mais me impressiona por parte da oposição é o ar estonteado e caótico como são geridas as intervenções. É admirável a futilidade com que esta gente, que parece saída de um curso de formação apressada para candidatos a governantes, se propõe liderar o país. Quanto tempo investem a reflectir e a estudar os problemas difíceis, aqueles com que vão (vamos) ser confrontados no futuro muito breve, num mundo perigoso, e que transcendem as pequenas variações em torno de cortes e reformas sob orientação da Europa (digamos assim, por comodidade de expressão)? Que opinião têm sobre os resultados das primaveras no norte de África e na Síria? Como valoram as actuações passadas de Sarkozy, Cameron e Obama, que opinam sobre actuações futuras da Europa neste âmbito? Como encaram a tragédia do Mediterrâneo? Pensam que Portugal não vai ser afectado pelas rotas, que por agora terminam em Calais, dos que fogem da miséria e da morte? Têm opinião sobre o acordo nuclear com o Irão? Já ouviram falar do IS? Estas seriam algumas das questões interessantes, embora pouco agradáveis, que os que aspiram a ser governo deviam abordar e trazer para a discussão com os adversários. Não o fazer significa que quem quer que nos governe se prepara para ir a reboque dos mais influentes, abdicando de uma contribuição própria, quando no futuro houver a realidade impuser acção.
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