domingo, outubro 26

Se demolissem não arrasavam tanto

Hoje deu-me para pesquisar a ocorrência do verbo arrasar nos títulos de dois tablóides influentes, cada um com o seu segmento preferencial. Por comodismo, limitei-me às aparições do verbo no corrente mês de outubro. Um estudo mais aprofundado pode ser interessante mas será mais adequado que algum especialista em coisas sociais pegue nele.

Então é assim: o PÚBLICO sai vencedor com três arrasadelas:

DATA     ARRASADOR   ARRASADO

24/10        Reitores              avaliação

16/10        Ferreira Leite      governo

5/10          Marinho e Pinto  partidos

As presenças no CORREIO DA MANHÃ são duas:

DATA       ARRASADOR                        ARRASADO

24/10         auditoria interna às contas       Gomes Pereira

9/10           [António] Costa                       ???

Nesta última ocorrência, o verbo é utilizado numa acepção gramaticalmente criativa, sem complemento directo, embora o sentido da notícia permita colocar Passos Coelho no lugar do arrasado.

Compreende-se a sobreutilização do vocábulo: a possibilidade de alternância com demolir é inviabilizada pelo facto de este ser um verbo defectivo, o que obrigaria a construções sintáticas menos sedutoras em títulos tablóides.

Hoje há eleições no Brasil. Esperando-se um vencedor com folga ligeira, os títulos de amanhã vão ser com certeza menos repetitivos. Muito provavelmente, o verbo vai ter um descanso merecido. Vamos ver até quando.

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