Hoje deu-me para pesquisar a ocorrência do verbo arrasar nos títulos de dois tablóides influentes, cada um com o seu segmento preferencial. Por comodismo, limitei-me às aparições do verbo no corrente mês de outubro. Um estudo mais aprofundado pode ser interessante mas será mais adequado que algum especialista em coisas sociais pegue nele.
Então é assim: o PÚBLICO sai vencedor com três arrasadelas:
DATA ARRASADOR ARRASADO
24/10 Reitores avaliação
16/10 Ferreira Leite governo
5/10 Marinho e Pinto partidos
As presenças no CORREIO DA MANHÃ são duas:
DATA ARRASADOR ARRASADO
24/10 auditoria interna às contas Gomes Pereira
9/10 [António] Costa ???
Nesta última ocorrência, o verbo é utilizado numa acepção gramaticalmente criativa, sem complemento directo, embora o sentido da notícia permita colocar Passos Coelho no lugar do arrasado.
Compreende-se a sobreutilização do vocábulo: a possibilidade de alternância com demolir é inviabilizada pelo facto de este ser um verbo defectivo, o que obrigaria a construções sintáticas menos sedutoras em títulos tablóides.
Hoje há eleições no Brasil. Esperando-se um vencedor com folga ligeira, os títulos de amanhã vão ser com certeza menos repetitivos. Muito provavelmente, o verbo vai ter um descanso merecido. Vamos ver até quando.
domingo, outubro 26
domingo, outubro 19
O outro pecado do plagiador
As revelações de plágio que culminaram com uma demissão de um secretário de estado têm entretido e suscitado excitação em algum público.
Adoptar textos de outros sem referência, apresentando-os tacitamente como do próprio não é bonito, não. No site do jornal há exemplos de excertos copiados. Eis uma amostra:
O professor é um cidadão, o que lhe confere uma dimensão cívica e política incontornável. (...) é uma pessoa com sentimentos, valores, preocupações e emoções (...) a sua dimensão humana, moral e afectiva não pode ser negligenciada (...) tem igualmente uma dimensão organizacional e associativa, integrando uma cultura profissional específica
...a escola tem de afirmar a sua missão intelectual e social no seio da sociedade, contribuindo para a garantia dos valores universais e do património cultural...
Em face disto e do restante, julgo que o pecado maior de Granjo não foi devidamente sublinhado: o plágio de trivialidades denota uma grande ausência de critério. Ao mesmo tempo, no entanto, põe a nu, para quem quiser ler, a produção de textos burocráticos de escrita automática, ao abrigo da chancela e do prestígio das instituições académicas.
Adoptar textos de outros sem referência, apresentando-os tacitamente como do próprio não é bonito, não. No site do jornal há exemplos de excertos copiados. Eis uma amostra:
O professor é um cidadão, o que lhe confere uma dimensão cívica e política incontornável. (...) é uma pessoa com sentimentos, valores, preocupações e emoções (...) a sua dimensão humana, moral e afectiva não pode ser negligenciada (...) tem igualmente uma dimensão organizacional e associativa, integrando uma cultura profissional específica
...a escola tem de afirmar a sua missão intelectual e social no seio da sociedade, contribuindo para a garantia dos valores universais e do património cultural...
Em face disto e do restante, julgo que o pecado maior de Granjo não foi devidamente sublinhado: o plágio de trivialidades denota uma grande ausência de critério. Ao mesmo tempo, no entanto, põe a nu, para quem quiser ler, a produção de textos burocráticos de escrita automática, ao abrigo da chancela e do prestígio das instituições académicas.
quarta-feira, outubro 1
Estimular o crescimento
Também assinalando o dia mundial da música: com a música e o fino humor de um génio do nosso tempo.
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