domingo, julho 31
Perdão
A execução da sentença estava marcada para esta manhã às 6:00. Num hospital de Teerão, Majid Movahedi iria receber dez gotas de ácido sulfúrico em cada olho, em presença de médicos especialistas. Condenado por ter cegado com ácido e desfigurado o rosto de Ameneh Bahrami, mulher que recusou a sua proposta de casamento, esperava há três anos a execução da sentença. A macabra história foi notícia várias vezes, ao sabor do andamento do processo. No último momento veio o perdão de Ameneh, quando Majid já soluçava de joelhos, aguardando a execução. As notícias de hoje referem também que a sentença adicional de prisão (12 anos) será cumprida a menos que o condenado entregue à vítima o valor monetário requerido como indemnização, equivalente a cerca de 150 000 €.
segunda-feira, julho 18
Final de ciclo
...su incapacidad en la gestión, los magros resultados de las reformas apenas incoadas, más el lastre y la impotencia de una legislatura agónica auguran un deterioro imparable al que resulta imprescindible poner fin cuanto antes. A este respecto, la fecha sugerida por algunos dirigentes socialistas para celebrar elecciones (finales de noviembre) es del todo tardía. Si de verdad Rodríguez Zapatero quiere rendir un último servicio a su país, debe hacerlo abandonando el poder cuanto antes y reconociendo la urgencia de que nuestro Gobierno recupere la credibilidad perdida. Los españoles en su conjunto, y los votantes socialistas en particular, se lo agradecerán.
EL PAÍS, 18 de Julho.
EL PAÍS, 18 de Julho.
domingo, julho 17
As palavras de Catarina de L.
Então reparo, esmagado sobre uma pilha, o livro que me é por demais caro (...)
Os Elementos, do Senhor Euclides. Erguido entre os demais tratados como o grande farol sobre os templos de Alexandria. Prelúdio e epílogo de todo o conhecimento. Tão verdadeiro e incontestado quanto os Evangelhos. (...) Perene para além de qualquer sétima maravilha.
Assim começa o Senhor Euclides a sua lição magistral:
"Definição: o ponto é aquilo que não tem parte alguma."
E logo outra voz acorre em minha lembrança: "Vede, dona Catarina, como o ínclito Descartes glosa a maravilhosa percepção do Senhor Euclides. Se o ponto subsiste retirando-lhe as partes, também eu emirjo por de mim apartar o que não sou. (...)"
Assim discorria em 1658 Catarina de L., dada à luz por José Gonçalves Gomes em 2011. "A Casa Ancestral de L." é editado por Eucleia e foi ontem apresentado publicamente. Escrito com virtude e elegância, o texto liberta palavras preciosas da sua reclusão forçada nos dicionários e nas tabelas de conjugação verbal. Além disso, Catarina tem muito que contar.
Os Elementos, do Senhor Euclides. Erguido entre os demais tratados como o grande farol sobre os templos de Alexandria. Prelúdio e epílogo de todo o conhecimento. Tão verdadeiro e incontestado quanto os Evangelhos. (...) Perene para além de qualquer sétima maravilha.
Assim começa o Senhor Euclides a sua lição magistral:
"Definição: o ponto é aquilo que não tem parte alguma."
E logo outra voz acorre em minha lembrança: "Vede, dona Catarina, como o ínclito Descartes glosa a maravilhosa percepção do Senhor Euclides. Se o ponto subsiste retirando-lhe as partes, também eu emirjo por de mim apartar o que não sou. (...)"
Assim discorria em 1658 Catarina de L., dada à luz por José Gonçalves Gomes em 2011. "A Casa Ancestral de L." é editado por Eucleia e foi ontem apresentado publicamente. Escrito com virtude e elegância, o texto liberta palavras preciosas da sua reclusão forçada nos dicionários e nas tabelas de conjugação verbal. Além disso, Catarina tem muito que contar.
domingo, julho 3
Maus dias para a ficção: o caso ND?
Com a concorrência feroz da realidade, ou pelo menos de como os media a interpretam e contam, a ficção vai ter que suar para ganhar público. Quem perderá tempo com as bocejantes novelas que as nossas tvs inventam quando mesmo ao lado as notícias nos servem folhetins como o do caso Strauss-Kahn?
Se o enredo já era rico em sexo, dinheiro, poder e teorias de conspiração, agora surge enriquecido com proventos da droga, contas bancárias e muita mentira. Não é de menor importância que aquilo que naturalmente era descrito como o caso DSK pareça de súbito muito mais apropriadamente "O caso ND" (sim, os jornais franceses já publicam o nome da empregada de limpeza que acusou Dominique de violação). Numa reviravolta que com certeza será motivo de estudo para aspirantes a ficcionista de sucesso, a vítima inicial deixa de surgir como pobre e abusada. Movimentando milhares de dólares nas suas contas bancárias e estabelecendo, através dos seus quatro telemóveis, os contactos com traficantes, terá confidenciado ao companheiro, actualmente preso, que sabia muito bem o que estava a fazer ao acusar DSK. A investigação sobre ND veio a revelar que ela quando mente não brinca em serviço. Pelo contrário, as queixas com que deu substância ao pedido de entrada nos USA foram cuidadosamente ensaiadas escutando numa cassete uma vítima autêntica. Descredibilizada a acusadora, resta que alguma coisa embaraçosa para DSK, incluindo derramamento de fluido genético, se terá passado no Sofitel. De acordo com as simpatias de cada um, os jornais branqueiam ou atacam as personagens principais. Segundo o New York Post, a mulher tem longa carreira na prostituição. No Daily Mail ficamos a saber que duas meninas de uma agência de acompanhantes de Manhattan se queixaram da rudeza de DSK: parece que o homem se portava como um animal. A agência chama-se Wicked Models (risos).
Entretanto, a atrapalhação risível dos socialistas franceses vai no sentido de reabrir o caminho à candidatura de Dominique às presidenciais.
Como na boa ficção de suspense, a novela não tem personagens boazinhas. Não sabemos com quem nos identificar, e se sabemos não dizemos. No Parisien, uma sondagem mostra que 49% dos franceses, ou 60% dos franceses de gauche, querem ver DSK de volta à política. Isto não pode ser só efeito da embirração com Sarko. Se os franceses querem DSK como presidente, é porque o merecem.
Se o enredo já era rico em sexo, dinheiro, poder e teorias de conspiração, agora surge enriquecido com proventos da droga, contas bancárias e muita mentira. Não é de menor importância que aquilo que naturalmente era descrito como o caso DSK pareça de súbito muito mais apropriadamente "O caso ND" (sim, os jornais franceses já publicam o nome da empregada de limpeza que acusou Dominique de violação). Numa reviravolta que com certeza será motivo de estudo para aspirantes a ficcionista de sucesso, a vítima inicial deixa de surgir como pobre e abusada. Movimentando milhares de dólares nas suas contas bancárias e estabelecendo, através dos seus quatro telemóveis, os contactos com traficantes, terá confidenciado ao companheiro, actualmente preso, que sabia muito bem o que estava a fazer ao acusar DSK. A investigação sobre ND veio a revelar que ela quando mente não brinca em serviço. Pelo contrário, as queixas com que deu substância ao pedido de entrada nos USA foram cuidadosamente ensaiadas escutando numa cassete uma vítima autêntica. Descredibilizada a acusadora, resta que alguma coisa embaraçosa para DSK, incluindo derramamento de fluido genético, se terá passado no Sofitel. De acordo com as simpatias de cada um, os jornais branqueiam ou atacam as personagens principais. Segundo o New York Post, a mulher tem longa carreira na prostituição. No Daily Mail ficamos a saber que duas meninas de uma agência de acompanhantes de Manhattan se queixaram da rudeza de DSK: parece que o homem se portava como um animal. A agência chama-se Wicked Models (risos).
Entretanto, a atrapalhação risível dos socialistas franceses vai no sentido de reabrir o caminho à candidatura de Dominique às presidenciais.
Como na boa ficção de suspense, a novela não tem personagens boazinhas. Não sabemos com quem nos identificar, e se sabemos não dizemos. No Parisien, uma sondagem mostra que 49% dos franceses, ou 60% dos franceses de gauche, querem ver DSK de volta à política. Isto não pode ser só efeito da embirração com Sarko. Se os franceses querem DSK como presidente, é porque o merecem.
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