quinta-feira, abril 14

Uma pista no deserto

De acordo com notícias de ontem, parece ter sido inaugurado o novo aeroporto de Beja com um voo patrocinado por autarquias. Para além deste voo a brincar, não se vislumbram projectos de futuro a sério. O episódio encerra, num simbolismo de estarrecer, a tragédia portuguesa dos anos recentes. A viabilidade prometida era afinal a transformação de uma câmara municipal em empresa de aeronáutica civil. Neste enquadramento compreende-se que até o TGV possa vir a ser rentável: tudo é possível com uma adequada subida de impostos, pelo menos durante algum tempo.

O Santiago desconfia com razão, prometendo voltar ao assunto daqui a um ano.

Há umas fotos bonitas do aeroporto aqui.

2 comentários:

Jorge Salema disse...

Cabe chamar a atenção do nobre postador, que as fotos tornam evidentes os equipamentos, mas não o transito de pessoas, devido ao facto de o aeroporto ainda não estar a funcionar. trata-se de uma estrutura importante de pequena dimensão, embora lhe pareça fazer espécie que um aeroporto tenha logo duas portas! Haveria de se gastar menos só com uma talvez.... Ou fazer como o Dr Salazar, não investir, não desenvolver, esperar só que da terra nasçam as uvas. Mas num mundo globalizado a não realização do desenvolvimento tem juros mais caros que os da dívida soberana.

Cá estaremos então para ver se foi elefante branco ou não. Ainda é cedo.

lino disse...

Caro Jorge Salema: eu não estava a ironizar com as fotos: quando disse "bonitas" quis dizer que as acho isso mesmo. O problema é o elefante em si. Cada um é livre de ver a parte da realidade que mais lhe agrada. O tribunal de contas não parece tão optimista como o nobre comentador. Na auditoria de 5 de Novembro de 2010, os "argumentos" sobre a rentabilidade do paquiderme são demolidos (a nossa imprensa costuma dizer "arrasados", ahah) um a um. http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel033-2010-2s.pdf

O problema é que não são as grandes obras só por si que são capazes de gerar desenvolvimento. Vale a pena ler as secções 2.3 e 3.6. Enfim, o TC deve ser um coutada de salazaristas.