terça-feira, maio 11
Poderes da fé
A majority of Roman Catholics in the United States are critical of the way Pope Benedict XVI and the Vatican have handled the reports of sexual abuse by priests, but have confidence in the Vatican to make changes to prevent abuse in the future, according to a New York Times/CBS News poll released Tuesday. (NY Times, 4 de Maio.)
Bem sei que hoje em dia toda a gente sabe inglês mas depois de ler o artigo apetece-me fazer uma tradução livre enriquecida:
Apesar de termos dado o nosso melhor para deitar abaixo o Papa Benedito XVI, a maioria dos católicos nos EEUU, tendo embora uma visão crítica do modo como ele e o Vaticano lidaram com as acusações de abuso sexual por padres, mantêm confiança nas instituições da Igreja e não parecem pretender abandoná-la em número significativo.
Assim, 64% dos inquiridos na nossa recente sondagem acham que a Igreja tem tido da parte dos media um tratamento mais duro do que o dado a outras religiões; 79% declaram intenção de manter as contribuições financeiras para a Igreja, 82% não terão as suas práticas religiosas afectadas e lamentavelmente apenas 9% admitem colocar a questão de deixar a Igreja. A liderança do actual papa é vista positivamente por 43% da amostra, sendo 17% os que a vêem com desfavor.
Não fico nada surpreendido com estes resultados. No nosso país assistimos nos anos recentes, na esfera laica da sociedade, a episódios com alguma semelhança (salvaguardadas as diferenças de alcance e dimensão), que não tiveram efeitos visíveis no apoio popular a determinado grupo político.
A imagem do papa, para os católicos, vai buscar os seus fundamentos bem para além do homem circunstancial. Como a adesão a um partido, ideologia ou grupo tem as suas raizes em algo imaterial que transcende a importância dos executantes do momento. Elas dão substância ao "eu" que acredita.* Por isso, renunciar a uma crença poderá doer tanto como perder um bocado de nós. Se é verdade que sem fé não há explicações que cheguem para nada, em presença da fé qualquer explicação é supérflua.
*Coisa que Benedito contraditoriamente finge não compreender, ao declarar em Lisboa que espiritualidade não é do domínio privado.
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