Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition demonstra a carência de vitamina D em mulheres residentes nos Emiratos Árabes Unidos. No estudo documenta-se a eficácia de suplementos diários de vitamina D2 e conclui-se:
...when sunlight exposure is limited, doses of vitamin D2 higher than those currently studied may be needed.
(Via Slate.)
sexta-feira, junho 29
domingo, junho 24
Psiquiatra explica o conflito palestino-palestiniano
O Dr. Ayead El-Sarraj encontrou chaves para compreender o que se passa em Gaza: porque é que palestinos andam a atirar outros palestinos de um 5º andar ou a fuzilar sumariamente outros palestinos acusando-os de heresia. Trata-se do trauma de uma geração, a dos filhos da ira. Funda-se na experiência insuportável de ver os pais espancados e torturados pelos israelitas. Esta experiência traumática conduziu a um deteriorar da figura do pai, procurando-se a sua substituição nas organizações armadas. A milícia é o pai com o Corão que atenua o fantasma do desamparo e impõe disciplina.
As culpas de Israel não ficam por aqui. Como explicar a filiação em grupos rivais numa luta fratricida? Simples: trata-se da não presença do inimigo comum, em resultado da saída de Israel da Faixa em 2005.
O Dr. El-Sarraj não alude aos possíveis efeitos traumáticos da educação para o suicídio na infância e não se percebe porquê: toda a gente sabe que essa educação era indispensável, dada a presença dos israelitas em Gaza.
Infelizmente, os psiquiatras não foram consultados antes de Agosto de 2005. Este descuido funesto impediu a previsão do presente massacre. Mas mesmo que o Dr. Ayead El-Sarraj tivesse sido ouvido, a sua teoria cairia em saco roto. Para além de dar explicações nada islâmicas para os factos, o homem deve ser obviamente um sionista infiltrado.
As culpas de Israel não ficam por aqui. Como explicar a filiação em grupos rivais numa luta fratricida? Simples: trata-se da não presença do inimigo comum, em resultado da saída de Israel da Faixa em 2005.
O Dr. El-Sarraj não alude aos possíveis efeitos traumáticos da educação para o suicídio na infância e não se percebe porquê: toda a gente sabe que essa educação era indispensável, dada a presença dos israelitas em Gaza.
Infelizmente, os psiquiatras não foram consultados antes de Agosto de 2005. Este descuido funesto impediu a previsão do presente massacre. Mas mesmo que o Dr. Ayead El-Sarraj tivesse sido ouvido, a sua teoria cairia em saco roto. Para além de dar explicações nada islâmicas para os factos, o homem deve ser obviamente um sionista infiltrado.
quinta-feira, junho 21
Execução suspensa?
Mokarrameh Ebrahimi, uma mulher de 43 anos, e o homem com quem partilha condenação por adultério, estão presos há 11 anos, no Irão. A execução do par esteve marcada para hoje, por apedrajamento até à morte, na cidade de Takestan, mas soube-se ontem que foi suspensa. De acordo com algumas fontes, o protesto internacional e o alarme na própria blogosfera iraniana terão tido aqui um papel importante. Na Amnesty International decorre uma acção, motivada por este caso, para demover as autoridades iranianas da aplicação desta pena cruel.
terça-feira, junho 19
A boa avaliação segundo a APP
A circunstância suscita o prolongamento do post anterior. A APP veio, uma vez mais, declarar a sua desaprovação a respeito do exame de Português ontem realizado.
A APP tem a este respeito uma opinião cheia de contradições. Queria uma prova que avaliasse conhecimentos de gramática, mas reconhece que as trapalhadas em torno da abominável tlebs acabaram por condicionar o enunciado. Quer exames orais mas avisa que isso sairá caro (em euros), o que lança pelo menos alguma desconfiança sobre as razões da reivindicação. De resto, se tivermos em conta outras posições recentes da APP, podemos também suspeitar que os exames orais da APP servirão, sobretudo, para dar um peso menor ao uso correcto da língua na escrita, desvalorizando-o.
A APP não ignora a dificuldade técnica de montar a operação de exames orais que reclama. Requerer mais exames pode significar, paradoxalmente, querer acabar com eles.
A APP tem a este respeito uma opinião cheia de contradições. Queria uma prova que avaliasse conhecimentos de gramática, mas reconhece que as trapalhadas em torno da abominável tlebs acabaram por condicionar o enunciado. Quer exames orais mas avisa que isso sairá caro (em euros), o que lança pelo menos alguma desconfiança sobre as razões da reivindicação. De resto, se tivermos em conta outras posições recentes da APP, podemos também suspeitar que os exames orais da APP servirão, sobretudo, para dar um peso menor ao uso correcto da língua na escrita, desvalorizando-o.
A APP não ignora a dificuldade técnica de montar a operação de exames orais que reclama. Requerer mais exames pode significar, paradoxalmente, querer acabar com eles.
segunda-feira, junho 11
Por detrás dos pareceres
A leitura dos pareceres de associações de professores sobre os programas oficiais das suas disciplinas é interessante como elemento para um retrato dos problemas do nosso ensino pré-universitário.
A Associação de Professores de Português reconhece nos programas uma inegável qualidade e congratula-se com a abordagem proposta de um conjunto diversificado de tipologias textuais, literárias e não literárias. Aponta as dificuldades de ensinar o funcionamento da língua quando os alunos falham ainda em aspectos básicos de morfologia e sintaxe. Concorda com a necessidade de incluir o estudo da gramática, mas parece aceitar pacificamente que estudar gramática só é possível com uma tlebs qualquer, preferentemente simples. (Estranha área do conhecimento onde o problema principal são os nomes a dar aos objectos. Enfim.)
A Associação de Professores de Matemática reconhece igualmente grandes virtudes no programa adoptado. Há equilíbrio aceitável, há grau de aprofundamento adequado, há até novas metodologias e nova cultura profissional induzidas pelo programa. Exprime a dificuldade de articulação vertical com o 3º ciclo do ensino básico (leia-se, a dificuldade de ensinar as matérias quando os alunos falham a nível muito elementar).
Quanto à avaliação de conhecimentos, ambas as associações sublinham (mas mais vincadamente a APM) que não gostam de avaliações externas, e com esse fim servem-se do discurso das aprendizagens e das competências: os exames não são adequados para as avaliar cabalmente, dizem elas.
Há uma diferença muito marcada nas apreciações da APP e da APM no que diz respeito às metodologias. A APP rejeita, bem, a extensão e falta de objectividade do texto programático, carregado de indicações metodológicas intrusivas e incompatíveis com o volume de conteúdos declarativos.
A APM elogia repetidamente as indicações metodológicas do programa de matemática, chegando ao ponto de dizer que um dos problemas da avaliação de conhecimentos está no facto de os temas serem simultaneamente conteúdo e metodologia e que esta fica por avaliar com os métodos tradicionais(!!!).
A APP classifica o processo de implementação dos programas como atribulado e mal orientado; para a APM o processo foi ímpar relativamente à grande maioria dos programas, mas lamenta que o acompanhamento (por iluminados, entenda-se) tenha sido interrompido. Está implícito na apreciação da APM que o programa de Matemática é um texto encriptado, dependendo a sua "correcta" aplicação de um exército de exegetas capazes de o explicar à massa de professores ignorantes. Não está dito com estas palavras, mas está lá para quem queira ler.
A APM leva o seu delírio apreciativo ao ponto de dizer que o programa apela às conexões entre os diferentes temas, quando nem sequer dentro de um tema está garantida qualquer coerência (por exemplo, são propostas duas definições diferentes para o número e sem que haja um esforço para as relacionar). Também lamenta que não tenha sido criada a disciplina de Temas Actuais de Matemática, para extensão e aprofundamento, o que é claramente contraditório com as dificuldades, conhecidas e confessadas, para a leccionação dos temas básicos que o currículo não pode deixar de contemplar. Insiste muito também na necessidade de maior e mais generalizada utilização da tecnologia como solução milagrosa, confundindo o domínio das ideias com um mero e circunstancial meio auxiliar de cálculo.
Usando a linguagem cara aos pedagogos pós-modernos, as apreciações das associações de professores merecem estudos de caso, para que se compreendam as representações que estas direcções burocráticas elaboram das matérias curriculares e da actividade profissional dos seus associados.
A Associação de Professores de Português reconhece nos programas uma inegável qualidade e congratula-se com a abordagem proposta de um conjunto diversificado de tipologias textuais, literárias e não literárias. Aponta as dificuldades de ensinar o funcionamento da língua quando os alunos falham ainda em aspectos básicos de morfologia e sintaxe. Concorda com a necessidade de incluir o estudo da gramática, mas parece aceitar pacificamente que estudar gramática só é possível com uma tlebs qualquer, preferentemente simples. (Estranha área do conhecimento onde o problema principal são os nomes a dar aos objectos. Enfim.)
A Associação de Professores de Matemática reconhece igualmente grandes virtudes no programa adoptado. Há equilíbrio aceitável, há grau de aprofundamento adequado, há até novas metodologias e nova cultura profissional induzidas pelo programa. Exprime a dificuldade de articulação vertical com o 3º ciclo do ensino básico (leia-se, a dificuldade de ensinar as matérias quando os alunos falham a nível muito elementar).
Quanto à avaliação de conhecimentos, ambas as associações sublinham (mas mais vincadamente a APM) que não gostam de avaliações externas, e com esse fim servem-se do discurso das aprendizagens e das competências: os exames não são adequados para as avaliar cabalmente, dizem elas.
Há uma diferença muito marcada nas apreciações da APP e da APM no que diz respeito às metodologias. A APP rejeita, bem, a extensão e falta de objectividade do texto programático, carregado de indicações metodológicas intrusivas e incompatíveis com o volume de conteúdos declarativos.
A APM elogia repetidamente as indicações metodológicas do programa de matemática, chegando ao ponto de dizer que um dos problemas da avaliação de conhecimentos está no facto de os temas serem simultaneamente conteúdo e metodologia e que esta fica por avaliar com os métodos tradicionais(!!!).
A APP classifica o processo de implementação dos programas como atribulado e mal orientado; para a APM o processo foi ímpar relativamente à grande maioria dos programas, mas lamenta que o acompanhamento (por iluminados, entenda-se) tenha sido interrompido. Está implícito na apreciação da APM que o programa de Matemática é um texto encriptado, dependendo a sua "correcta" aplicação de um exército de exegetas capazes de o explicar à massa de professores ignorantes. Não está dito com estas palavras, mas está lá para quem queira ler.
A APM leva o seu delírio apreciativo ao ponto de dizer que o programa apela às conexões entre os diferentes temas, quando nem sequer dentro de um tema está garantida qualquer coerência (por exemplo, são propostas duas definições diferentes para o número e sem que haja um esforço para as relacionar). Também lamenta que não tenha sido criada a disciplina de Temas Actuais de Matemática, para extensão e aprofundamento, o que é claramente contraditório com as dificuldades, conhecidas e confessadas, para a leccionação dos temas básicos que o currículo não pode deixar de contemplar. Insiste muito também na necessidade de maior e mais generalizada utilização da tecnologia como solução milagrosa, confundindo o domínio das ideias com um mero e circunstancial meio auxiliar de cálculo.
Usando a linguagem cara aos pedagogos pós-modernos, as apreciações das associações de professores merecem estudos de caso, para que se compreendam as representações que estas direcções burocráticas elaboram das matérias curriculares e da actividade profissional dos seus associados.
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