quinta-feira, dezembro 25

Os valores

No dia do El Gordo, os jornais espanhóis contaram nas primeiras páginas: O juiz Castro leva a Infanta a julgamento no caso Noos, por fraude fiscal. Castro não acredita, portanto, que a senhora seja uma tonta que não se apercebe do que se passa em casa. Não se levantaram vozes a carpir os danos de imagem causados a Espanha pela actuação do juiz.

Ainda há pouco mais de um mês, a popularíssima tonadillera Isabel Pantoja iniciou o cumprimento de uma pena de prisão efectiva, condenada por delito que também se mede em milhões de euros.

Outros indiciados notórios, envolvidos em situações de enriquecimento ilícito (Bárcenas, Matos...) continuam sob investigação. Sobre dez membros da muito notória família Pujol pendem os indícios do costume: fraude fiscal, branqueio de capitais e tráfico de influências.

Uma historieta de enganos e burlas, rondando a comédia, a das incríveis aventuras do "Pequeno Nicolás", como enternecidamente lhe chamam os media, está também a animar a tele-realidade aqui ao lado.

Na mensagem de Natal de ontem, o rei afirmou:
 
...quiero añadir ahora que necesitamos una profunda regeneración de nuestra vida colectiva. Y en esa tarea, la lucha contra la corrupción es un objetivo irrenunciable.
Es cierto que los responsables de esas conductas irregulares están respondiendo de ellas; eso es una prueba del funcionamiento de nuestro Estado de Derecho.

Quando a própria irmã vai ser levada a julgamento, o significado destas palavras é, sem ambiguidade, o de um respeito necessário pela moral, mais do que pelas estruturas formais do Estado. Certos "republicanos" da nossa aldeia, recentemente dados à gritaria em defesa de um indiciado das suas hostes, têm muito a aprender com os valores implicitamente enunciados pelo rei Felipe.

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