Com a diminuição do número de bolsas oferecidas pela FCT, chega ao grande público o debate em que organizações de bolseiros e órgãos universitários por um lado, e pessoas do governo por outro, se enfrentam em posições extremadas. Os jornais fazem a sua investigação: ainda hoje o PÚBLICO dá grande destaque a um artigo cujo título ("Governo legitima mudança na política científica com dados descontextualizados") é uma tomada de posição. No calor do debate, não tem sido muito lembrado que temos um Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, que este conselho tem emitido pareceres e recomendações, e que eles parecem estar muito bem arrumados em alguma gaveta. Em particular, são interessantes as sugestões sobre o que interessaria modificar nos estatutos da carreira docente universitária e da carreira de investigação. Mas esse debate é possivelmente menos entusiasmante e menos susceptível de alinhar unanimismos do que o da contagem dos euros gastos em bolsas. Entre os temas desagradáveis a discutir estão as vantagens e inconvenientes da tenure, e os espartilhos do actual estatuto de carreira, que congela os horários semanais em limites perversos e não permite diferenciar salários.
Afinal, sempre é mais fácil olhar para uma folha de Excel do que ir ao fundo de questões incómodas - particularmente para as universidades.
domingo, fevereiro 9
sexta-feira, fevereiro 7
Titulite
A tendência de alguns políticos profissionais para se apresentarem publicamente com currículos académicos meio falsos ou simplesmente suspeitos não é uma originalidade portuguesa. Na verdade, tanto o nosso ex-PM como Relvas podem considerar-se modestos ao ficarem-se por licenciaturas executadas com um cuidadoso "tuning". Há dois dias, o El Mundo denunciava que Pilar Rahola - figura de relevo nos meios políticos catalães - enriquecia as suas biografias oficiais com dois doutoramentos falsos.
Na sequência desta notícia, Santiago González revela, no seu blogue, um punhado de outros casos.
A titulite é possivelmente uma doença ibero-americana. Por cá, no Brasil e na América do Sul, ser senhor ou senhora sabe a pouco, e por isso há necessidade de ser chamado dr. ou engenheiro. Em Portugal o caso é verdadeiramente mórbido. Senhor é o canalizador que nos veio resolver a inundação na casa de banho ou Rajoy, senhora é a nossa empregada doméstica ou Merkel. Os media portugueses colaboram na farsa, incapazes da noção do ridículo.
Na sequência desta notícia, Santiago González revela, no seu blogue, um punhado de outros casos.
A titulite é possivelmente uma doença ibero-americana. Por cá, no Brasil e na América do Sul, ser senhor ou senhora sabe a pouco, e por isso há necessidade de ser chamado dr. ou engenheiro. Em Portugal o caso é verdadeiramente mórbido. Senhor é o canalizador que nos veio resolver a inundação na casa de banho ou Rajoy, senhora é a nossa empregada doméstica ou Merkel. Os media portugueses colaboram na farsa, incapazes da noção do ridículo.
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